É preciso nascer de novo!
A nova série de estudos da Comunidade Cristã da Cidade tem como tema a “vida abundante”. Certamente, essa é busca incansável do coração humano. Cada um de nós quer ter satisfação, sentir-se útil, encontrar seu significado e lugar no mundo. Todos queremos ter a sensação de plenitude, ter o vazio interior preenchido. Esse desejo, ou ainda, essa insatisfação move pessoas, famílias e nações.
Há diferentes fontes de satisfação que se colocam diante de nós nessa jornada, nas quais, de algum modo, buscamos nos preencher: relacionamentos, ritos e práticas religiosas, ideologias políticas, formação acadêmica, sucesso profissional, lazer, passatempos, artes, viagens, aquisições, riqueza. No entanto, parece-nos que nada disso pode nos preencher de verdade.
Em sua célebre obra “Cristianismo Puro e Simples”, o autor britânico C. S. Lewis – que alcançou um grande sucesso profissional sendo professor em Oxford e Cambridge, mas que apenas encontrou a “vida abundante” ao abandonar o ateísmo e se lançar na fé – afirma: “se eu encontro em mim desejos que nada nesse mundo consegue satisfazer, a única explicação lógica é que fui feito para outro mundo”. Nada há em nosso mundo que nos fará ter vida plena!
As Escrituras Bíblicas nos falam de uma solução que não é deste mundo, que não é natural, que não é elaborada por alguém, por uma sociedade ou por uma cultura. Desde o seu início até ao fim, ela nos fala da intervenção redentora de Deus no mundo, que transforma profundamente a vida humana. A Bíblia nos mostra alguém que não é deste mundo, mas que veio ao mundo, encarnou-se e nos revelou a eternidade! E ainda, que o próprio Deus, aquele que tudo fez, veio ao mundo, e que nele podemos encontrar a vida abundante.
No Evangelho de João, Jesus afirma: “eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (Jo 10.10). E João fala da chegada de Jesus: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram (...) Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens” (João 1.3-5,9).
A palavra vida é um dos grandes conceitos do Evangelho de João. E podemos observar que, nesse contexto, a vida não é uma condição, um estado ou uma situação. Não é simplesmente o fato de alguém existir, respirar, estar em funcionamento, agir. A vida É uma pessoa! Ao falar sobre si mesmo, Jesus disse “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14.6). E Jesus nos promete que, ao cremos nele e o seguirmos, encontraremos a vida abundante.
Jesus não era um sábio, um religioso, um profeta ou um filósofo. Embora encontremos sabedoria e conhecimento em seu ensino, as afirmações que Jesus faz sobre si mesmo vão muito além disso, algo que pode ser considerado somente de duas, uma: ou a verdade ou um verdadeiro desatino! Ou a maior revelação ou a maior insanidade!
Nesses quase dois mil anos desde a morte de Jesus, milhões de pessoas têm experimentado e afirmado o mesmo: que, quando creram em Jesus, encontraram vida plena. Essa experiência tem sido designada como conversão, regeneração, ou ainda, novo nascimento.
O nascimento é o momento que marca a passagem da vida intrauterina para o mundo exterior. O parto, antecedido por dores (mais fortes e duradouras em alguns casos), possibilita que aquele novo ser (antes em gestação) entre numa nova etapa de sua existência. Do ponto de vista da relação do ser humano com Deus, a nós nos é oferecida a oportunidade de passarmos por um novo nascimento, de sermos gerados novamente. Um sábio judeu ouviu isso e indagou, com uma óbvia estranheza e talvez até com ironia: “Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer!” (João 3.4). O que ele não entendeu é que Jesus anunciava a possibilidade não de um re-start histórico, uma viagem no tempo, em que começamos tudo de novo, do zero, mas sim uma mudança de caminho, um novo sentido existencial, e mais ainda, uma transformação interior que não apenas preenche o vazio da alma, mas que também permite ao ser humano se aproximar de Deus como um filho se aproxima do pai que ama, para com ele viver eternamente.
Essa experiência transformadora somente é possível mediante a fé: “aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade algum homem, mas nasceram de Deus” (João 1.12-13). Todos nós fomos criados por Deus, mas para nos relacionarmos com ele, precisamos crer nele! E, nele crendo, encontraremos graciosamente não apenas a vida abundante, mas a vida eterna. Sobre isso, Jesus disse: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
Sigamos no Caminho, creiamos na Verdade e entregue-mo-nos à Vida! Assim fazendo, encontraremos a vida abundante que nosso coração tanto almeja.