Posicionamentos Doutrinários e Ético-Sociais
1. AS ESCRITURAS SAGRADAS
1.1. Cânon: A Bíblia Sagrada compreende os livros do Antigo e Novo Testamentos conforme o cânon protestante de sessenta e seis livros. O Antigo Testamente inclui: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. O Novo Testamento inclui: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos, Romanos, 1 Coríntios, 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito, Filemom, Hebreus, Tiago, 1 Pedro, 2 Pedro, 1 João, 2 João, 3 João, Judas e Apocalipse.
1.2. Inspiração e suficiência: A Bíblia é a única Palavra autorizada de Deus, dada por intermédio de escritores humanos. Em sua totalidade e em cada uma de suas partes, a Bíblia foi escrita por inspiração divina, constituindo-se como revelação proveniente de Deus. O Espírito Santo, em Sua obra de inspiração, empregou as diferentes personalidades e estilos literários dos escritores que Ele escolheu e preparou (Texto adaptado da Declaração de Chicago sobre a Inerrância da Bíblia).
1.3. Inerrância e infalibilidade: As Escrituras são infalíveis, portanto verdadeiras e confiáveis em todas as questões de que tratam. São também inerrantes, estando isentas de toda falsidade, fraude ou engano (Texto adaptado da Declaração de Chicago sobre a Inerrância da Bíblia).
1.4. Autoridade: A Bíblia é a suprema norma escrita pela qual Deus compele a consciência humana, estando a Igreja sujeita à sua autoridade (Texto adaptado da Declaração de Chicago sobre a Inerrância da Bíblia).
1.5. Cópias e traduções: As cópias e traduções das Escrituras são Palavra de Deus na medida que fielmente representam o texto original (Texto adaptado da Declaração de Chicago sobre a Inerrância da Bíblia).
1.6. Documentos confessionais: Nossa comunidade, embora reconheça o valor histórico de documentos confessionais adotados pelos cristãos em diferentes épocas e em diferentes partes do mundo, não considera que qualquer credo, confissão de fé, declaração ou pacto tenha a mesma autoridade que as Escrituras. Não existimos isoladamente na história, mas também não somos determinados pela história ou pelas tradições. Quaisquer desses documentos, inclusive as crenças essenciais que integram nossa declaração de identidade comunitária, estão sujeitos à autoridade das Escrituras, que é nosso fundamento para fé e prática.
2. SALVAÇÃO E VIDA CRISTÃ
2.1. Chamado externo: Por meio da pregação da Palavra, Deus bondosa e graciosamente convida os pecadores a receberem a salvação oferecida em Cristo Jesus.
2.2. Fé, arrependimento, conversão e certeza da salvação: O chamado é efetivado na vida daquele que recebe a Palavra com fé, arrependendo-se dos seus pecados e convertendo-se dos seus maus caminhos. Aqueles que creem verdadeiramente em Cristo podem ter a certeza da sua eterna salvação, a qual é graciosamente concedida por Deus.
2.3. Presciência, predestinação, livre arbítrio e perda da salvação: Consideramos que as diferenças historicamente existentes no contexto evangélico-protestante relativas à doutrina da salvação, sobretudo em matéria de presciência, predestinação, livre arbítrio e perda da salvação, são altamente complexas, sendo alguns dos textos bíblicos pertinentes de difícil compreensão.
2.3.1. Os temas que são claramente definidos nas Escrituras e consensuais na Teologia Protestante, isso adotamos como doutrina: ao ser humano compete decidir por se entregar e seguir a Jesus Cristo (confissão), apresentar uma postura de fé e arrependimento (conversão), assim como ter o entendimento de que a salvação é pela graça de Deus mediante a fé, não pelas obras ou pelo mérito humano. Reunidas essas características em uma pessoa, presumimos a presença de fé genuína e a decorrente participação no Corpo de Cristo, e deixamos o juízo sobre o seu íntimo para Deus (o qual separará "o joio do trigo"). Isso, todavia, não exclui a possibilidade de exclusão disciplinar pela comunidade em função de graves comportamentos desviantes, conforme orientado pelas Escrituras.
2.3.2. Os temas que são altamente controvertidos na Teologia Protestante, deixamos em aberto, mas com limites: trata-se do problema teológico dos antecedentes da decisão. Admitimos que existe relevante controvérsia em relação aos antecedentes da decisão humana de seguir a Jesus, mas são apenas quatro as posições que considerados plausíveis e que admitimos dentro da comunidade: a decisão pessoal pela salvação decorre da vontade própria da pessoa em função do seu contato com a Revelação de Deus (1) apenas, (2) e da ajuda do Espírito Santo, (3) e da predeterminação por Deus em função de Sua presciência, (4) e da predeterminação por Deus em função de alguma razão que nos é desconhecida.
2.3.3. Seja o método ou caminho que for, Deus permanece como o soberano em seu estabelecimento e o homem incapaz de salvar a si mesmo, seja pelo mérito de suas ações, pela força de sua vontade independente ou tão somente por suas aptidões mentais. A salvação somente é possível a partir do contato com a Revelação. Como afirmado anteriormente, a concessão da salvação a quem tem fé na Revelação é um ato gracioso de Deus, e não resultado do mérito humano por meio do cumprimento das obras da Lei.
2.3.4. Entendemos que a radicalização dos posicionamentos doutrinários deve ser evitada, de modo que não se pode conceber a salvação por obras ou por ação exclusiva do ser humano, nem tampouco a passividade da igreja na evangelização justificada pela crença na ação exclusiva de Deus na salvação. Independentemente de haver predestinação individual ou não, somos convocados a pregar o Evangelho a todos os seres humanos, e estes devem responder à pregação do Evangelho com fé.
2.3.5. Os presbíteros e mestres na comunidade assim como quaisquer outros membros deverão evitar a manifestação de posicionamentos dogmáticos e extremados em relação a esses pontos de modo a provocar contendas e divisões, buscando, no lugar disso, promover a paz e a comunhão, enfatizando o que temos em comum.
2.4. Justificação, regeneração e adoção: Ao crer em Cristo e em Sua obra redentora, a pessoa é imediatamente justificada, regenerada e adotada por Deus. Por justificação, entende-se que, em Cristo, a pessoa tem seus pecados perdoados e é aceita por Deus como justa. A regeneração é o ato pelo qual Deus renova o interior do ser humano; trata-se do novo nascimento. Por adoção, compreende-se que a pessoa é reconhecida como filha de Deus, que graciosa e misericordiosamente permite-lhe acessar com confiança a presença de Deus e trata-lo como Pai.
2.5. Santificação, crescimento e perseverança: A santificação, pela qual as virtudes espirituais são desenvolvidas, é causada pelo Espírito Santo, devendo ser buscada por cada cristão, os quais são conhecidos como santos não por força de terem atingido a plenitude da santificação, mas pelo fato de terem sido salvos por Cristo, sendo para Ele separados. Por meio da leitura e meditação nas Escrituras, da atuação do Espírito Santo, da comunhão com os cristãos, das provações, o cristão cresce e se fortalece espiritualmente, rumo à maturidade. Cremos ainda que todos os cristãos devem buscar em Deus a perseverança na salvação, que Deus fortalece e capacita os cristãos para que perseverem, e que somente aqueles que mantiverem a fé até o fim é que serão eternamente salvos.
2.6. Fé e obras: As boas obras, conforme ordenadas por Deus em sua Palavra, são atos de obediência praticados por pessoas que foram salvas pela graça, sendo evidências de uma fé viva e verdadeira (pois a fé sem obras é morta), pelas quais Deus é glorificado. Ninguém é salvo em razão da prática de obras, mas pela fé somente.
2.7. A presença do Espírito Santo: Cremos que o Espírito Santo está presente na vida do cristão genuíno, de forma poderosa e operante, independentemente de qualquer evidência ou manifestação exterior de natureza sobrenatural. O Espírito Santo é o selo, a garantia da redenção, com o qual o cristão foi marcado quando ouviu e creu na Palavra da verdade. O Espírito Santo vocaciona os cristãos para o cumprimento de propósitos no Corpo de Cristo, e para tanto os capacita com dons.
2.8. Os dons espirituais: Há diversos tipos de dons que, originados em Deus, têm a finalidade de abençoar a humanidade e, de modo especial, cada comunidade cristã. No que diz respeito aos dons relacionados à poderosa manifestação do Espirito Santo (comumente designados como “dons espirituais”), cremos que são atuais, que devem ser exercidos em amor e que são igualmente importantes, ainda que uns possam ser mais relevantes do que outros em um determinado contexto. Reconhecemos que inexiste qualquer texto nas Escrituras que afirme a cessação dos dons espirituais ou que ensine, de modo normativo, ser o dom de línguas a evidência física inicial da presença do Espírito Santo ou de sua plenitude na vida do cristão.
2.9. O destino eterno: Os que creem têm como destino a salvação, sendo que a glorificação é sua última etapa, pela qual os cristãos serão ressuscitados, receberão novos corpos e viverão para sempre com o Senhor. Os que não creem, enquanto assim permanecerem, estão destinados à perdição, uma vez que se encontram sob a condenação decorrente do pecado.
3. NATUREZA E PROPÓSITO DA IGREJA
3.1. Natureza: A Igreja é um organismo vivo, referido nas Escrituras como o Corpo, composto de diferentes membros, cuja cabeça é o Senhor Jesus Cristo. É também o recipiente no qual foram derramados por Deus amor e poder espiritual, por meio de Seu Espírito.
3.2. Universalidade e localidade: Em sua abrangência universal, a Igreja é constituída por todos os crentes no Senhor Jesus, os quais são filhos de Deus e membros do Corpo, chamados e capacitados para uma vida no Espírito. Na abrangência local, a Igreja expressa-se por meio de um grupo de pessoas que: segue a Jesus Cristo como Senhor de suas vidas, e com estas glorificam a Deus; mantém um relacionamento fraternal e de edificação mútua; e, espontânea ou intencionalmente testemunha da graça e do amor de Deus aos de fora, em palavras e ações.
3.3. Propósito: O amor ocupa posição central na Igreja, tanto na relação de cada cristão com Deus quanto na relação com o próximo, sendo o eterno propósito da Igreja a prática desse amor. Nesta era, a Igreja é também designada para revelar esse amor ao mundo, como testemunha a todas as nações. Ela é parte ativa no projeto redentor de Deus, participando do cumprimento da missão de Deus no mundo.
4. ORDENANÇAS: BATISMO E CEIA DO SENHOR
4.1. Sobre as ordenanças: As ordenanças são práticas instituídas por Cristo, ensinadas pelos apóstolos e exercitadas pela Igreja do primeiro século, devendo ser obedientemente seguidas pelos cristãos na atualidade. Embora não sejam requisitos essenciais para a salvação, são importantes representações visíveis de verdades invisíveis, tendo uma natureza simbólica. As ordenanças são apenas o Batismo e a Ceia do Senhor.
4.2. Batismo: O Batismo é um ato de obediência que simboliza a morte do cristão para o pecado, o sepultamento de sua velha vida e sua ressurreição para andar em novidade de vida no Senhor, que foi morto, sepultado e ressuscitado para nossa salvação. O Batismo é também um ato de profissão pública da fé em Cristo.
4.3. Ceia do Senhor: A Ceia do Senhor, ou Santa Ceia, que simboliza o corpo e o sangue de Cristo, é um ato de obediência pelo qual os cristãos recordam-se da morte sacrificial, da ressurreição e da ascensão do Salvador, renovando a esperança na promessa de Sua Segunda Vinda. Além de ser um memorial, a Ceia é a celebração da comunhão entre os irmãos, da unidade do Corpo de Cristo e da participação na Nova Aliança. Por essas razões, a Ceia é um momento abençoador para os que dela participam dignamente. Quanto aos elementos da Ceia, não há a transubstanciação do pão em corpo ou carne e do vinho (ou suco de uva) em sangue.
5. SACERDÓCIO UNIVERSAL
5.1. Antiga Aliança: O sacerdócio, na Antiga Aliança, referia-se ao ofício que tinha a competência para a realização de atos sagrados e para a comunicação com Deus, operando como um intermediário entre Deus e os seres humanos.
5.2. Nova Aliança: A Nova Aliança rompe com o formalismo dos atos sagrados e da estrutura hierarquizada, e define que, na Igreja, o sacerdócio é universal. Cada cristão é um sacerdote, e por essa razão pode relacionar-se e comunicar-se diretamente com Deus, pode dEle ouvir e aprender, e pode também ser um ministro dEle, e tudo isso em qualquer lugar e de diferentes formas.
5.3. Interdependência: Deus, por meio de Sua Palavra e de Seu Espírito, ensina e vocaciona diretamente a cada cristão, de modo que Deus pode falar e agir através de cada cristão. Isso não significa, contudo, a valorização do individualismo ou da independência, mas da mutualidade e da interdependência: pois todos os cristãos podem e devem sujeitar-se e abençoar-se mutuamente – o sacerdote age não apenas em favor de si mesmo, mas também e especialmente do outro, do povo, da comunidade. Ele prepara-se e purifica-se individualmente para ser uma bênção para a comunidade.
5.4. A mediação de Cristo: Há, todavia, uma relação de intermediação restante. Em razão de nossa condição humana resultante do pecado, Jesus Cristo coloca-se como o único e necessário caminho que nos permite estar diante de Deus. Ele é o Sumo Sacerdote, que nos apresenta diante de Deus. Somente em Cristo é que o ser humano pode exercer o sacerdócio.
5.5. A “intercessão dos santos”: Não cremos na doutrina da “intercessão dos santos”, pela qual cristãos já falecidos (os heróis da fé) poderiam interceder ou rogar ao Pai pelos cristãos vivos. Não aprovamos a comunicação com aqueles que já morreram, nem tampouco praticamos a veneração de suas figuras, símbolos ou imagens.
6. DISCIPULADO E RESPONSABILIDADE SOCIAL: A AÇÃO DA COMUNIDADE NO MUNDO
6.1. A Missão de Deus: A Bíblia nos revela como Deus tem buscado abençoar todas as nações, e nos convida a participarmos dessa maravilhosa missão redentora, que deriva da própria natureza e iniciativa de Deus. Assim como o Filho foi enviado ao mundo, o Deus triúno envia a Igreja ao mundo, e para isso derrama sobre ela o Seu Espírito.
6.2. Discipulado: Discipulado é a concretização do mandamento de Cristo, que ordena Sua Igreja a pregar o Evangelho a toda criatura, fazendo discípulos de todas as nações. O discipulado diz respeito ao movimento pelo qual discípulos de Cristo conduzem novas pessoas a Cristo, para dEle se tornarem discípulos. É um processo que conduz à maturidade espiritual.
6.3. A natureza da evangelização: Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e Rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e creem. A nossa presença cristã no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. Mas a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo (Conforme o Pacto de Lausanne).
6.4. A Igreja e a evangelização: Afirmamos que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e sacrificial. Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço sacrificial da igreja a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho (Conforme o Pacto de Lausanne).
6.5. Evangelização em um mundo multirreligioso: No cumprimento do mandato evangelístico em um mundo religiosamente plural, os cristãos devem: agir no amor de Deus, imitar a Jesus Cristo, exercer as virtudes ensinadas nas Escrituras, praticar atos de serviço e justiça, ter discernimento no exercício de ministérios e dons sobrenaturais, rejeitar a violência, respeitar a liberdade de religião e crença de todos, comprometer-se com a solidariedade, renunciar aos falsos testemunhos, respeitar as decisões alheias baseadas na liberdade pessoal, e manter o respeito e a confiança em quaisquer relações, inclusive com pessoas de outras religiões (Texto adaptado de Testemunho Cristão em um Mundo Multirreligioso: Recomendações de Conduta).
6.6. Justiça e dignidade: Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada, e não explorada (Conforme o Pacto de Lausanne).
6.7. Dever cristão: Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento social são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo (Conforme o Pacto de Lausanne).
6.8. Mensageiros: A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu Reino e devem procurar não só evidenciar mas também divulgar a retidão do Reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta (Conforme o Pacto de Lausanne).
7. ISRAEL, GENTIOS E A IGREJA
7.1. Promessas: A nação de Israel recebeu de Deus vocação e promessas únicas em relação às demais nações.
7.2. A Antiga Aliança: A Aliança Mosaica se aplica exclusivamente à nação de Israel, sendo que os apóstolos nunca exortaram os gentios a se tornarem prosélitos ou a realizarem quaisquer festivais, ordenanças e ritos. Além disso, os apóstolos em momento nenhum consideram a Lei de Moisés como algo ruim ou disseram que a sua prática seja algo maldito – mas que em Cristo não importa se alguém é circuncidado (judeu) ou incircunciso (gentio).
7.3. Nova Aliança: Sob a Nova Aliança, todo aquele que crê tem acesso, por meio de Jesus, diretamente à presença de Deus, não necessitando mais dos meios de adoração e culto estabelecidos sob a Antiga Aliança. A presença do Espírito Santo nos cristãos os torna Templo de Deus (individual e coletivamente) e os coloca espiritualmente na presença de Deus. Tudo isso foi estabelecido pela morte e ressurreição de Jesus.
7.4. Mútua compreensão: Deve haver mútua compreensão e respeito entre judeus e gentios, onde cada um reconhece e respeita as diferenças humanas entre os dois grupos (do ponto de vista espiritual não há distinção alguma). Além disso, entendemos que não há possibilidade de aperfeiçoamento espiritual através da guarda das ordenanças da Lei de Moisés, embora reconheçamos que através dela o caráter de Deus é revelado e que suas ordenanças são bênçãos para o homem, uma vez que contém princípios para diversas áreas da vida: economia, saúde, alimentação, justiça, agricultura etc. Em um contexto eclesiástico misto (judeus e gentios), deverá haver na comunidade aceitação mútua das diferenças entre estes dois grupos.
8. TEMAS ESCATOLÓGICOS
8.1. Doutrinas essenciais: Afirmamos que a segunda vinda de Jesus Cristo será de forma literal e corpórea, que não podemos conhecer o momento certo do retorno de Cristo, que os mortos ressuscitarão fisicamente, que haverá um julgamento final da humanidade após a ressurreição dos mortos, que os salvos partilharão de uma eternidade abençoada com um corpo glorificado e os não salvos serão eternamente excluídos da presença de Deus para um ambiente de sofrimento, e que Deus fará novos céus e nova terra. Mais do que crer nessas coisas, entendemos que o ensino apostólico é permeado por grande ênfase no retorno de Cristo, pois este evento é o momento onde a redenção de todo aquele que crê será consumada. Portanto, a igreja deve ansiar por esse dia, vivendo intensamente o dia de hoje com os olhos no dia em que todos os olhos O verão e toda a língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.
8.2. Pontos debatidos: Há diversas questões na Escatologia (Doutrina das Últimas Coisas) que são altamente controvertidos no contexto evangélico-protestante, sobre os quais não afirmamos um posicionamento, especialmente em relação à exata interpretação do livro de Apocalipse, à grande tribulação e ao milênio.
9. QUESTÕES ÉTICO-SOCIAIS
9.1. Igreja e Estado
9.1.1. A autoridade pública: Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o bem público, constituiu sobre o povo autoridades que lhe são sujeitas, e a este fim, as armou com o “poder da espada” para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores. Aos cristãos é licito aceitar e exercer cargos públicos e, em sua administração, devem especialmente manter a piedade, a justiça, e a paz segundo as leis do Estado. É dever do povo orar pelas autoridades, honrando-as e sujeitando-se a elas (Texto adaptado da Confissão de Fé de Westminster).
9.1.2. Igreja e política: A Igreja de Cristo não se identifica com qualquer partido político, sendo que a comunidade cristã, como expressão local daquela, não deve se identificar com um partido nem servir como instrumento político-partidário. O mesmo não se aplica aos cristãos individualmente, que podem ser instrumentos de Deus para o bem da sociedade através de partidos políticos e do exercício de funções políticas no Estado, em integridade, serviço e amor.
9.1.3. Liberdade religiosa: A liberdade religiosa, incluindo o direito de professar publicamente, de praticar, de propagar e de mudar de religião, parte da própria dignidade do ser humano que está fundada na criação de todos os seres humanos à imagem e semelhança de Deus (Conforme o Testemunho Cristão em um Mundo Multirreligioso: Recomendações de Conduta).
9.2. Família e sexualidade
9.2.1. Casamento e sexualidade: Em concordância com a ética bíblica tradicional, entendemos que a atividade sexual é um presente de Deus a ser desfrutado somente no casamento monogâmico heterossexual (homem e mulher unidos por meio de uma aliança) e que, fora desta união, é um ato pecaminoso. Por essa razão, não são reconhecidas como casamento outras uniões (p. ex.: união estável, união entre pessoas do mesmo sexo, bigamia, poligamia) e não são aprovadas as relações sexuais praticadas em outros contextos (p. ex.: durante o namoro ou noivado). Reforçamos que o perdão e a graça alcançam quaisquer pecadores arrependidos e que buscaremos sempre tratar com dignidade e respeito todas as pessoas, independentemente de suas crenças e práticas nessa matéria.
9.2.2. Aliança do casamento: Entendemos que o casamento deve ser para toda a vida, e que Deus abomina a quebra dessa aliança. Por essa razão, não aprovamos a quebra do vínculo conjugal, lamentamos a sua ocorrência na sociedade, entristecemo-nos em razão do modo como o casamento tem sido levianamente tratado na atualidade. Dada a seriedade do estabelecimento do vínculo conjugal, recomenda-se que a decisão de casar-se seja precedida de oração e reflexão pelos noivos, com seus familiares e com a igreja.
9.2.3. Divórcio e novo casamento: Em muitos lugares e contextos, o divórcio tem sido concebido como prática normal, sendo uma alternativa facilitada pela legislação. No entanto, recusamo-nos a nos conformar a essa realidade. Entendemos que a prática do divórcio e do novo casamento entre pessoas divorciadas não devem ser estimuladas pela Comunidade, de modo que encorajamos aquelas pessoas que se divorciaram a buscarem a reconciliação conjugal, caso possível. No entanto, se já estiverem casadas novamente, entendemos que devem permanecer nessa condição, não se divorciando pela segunda vez, para viver a nova relação de forma plena. Entendemos ainda que há perdão para a quebra do vínculo conjugal, de modo que aquelas pessoas que se divorciaram devem buscar, com a sinceridade de um coração arrependido e contrito, a misericórdia e o perdão de Deus.
9.2.4. Falecimento e novo casamento: Cremos que se uma das partes de uma união conjugal falece, o cônjuge sobrevivente é livre para se casar novamente.