Os 3 C's da Fé
O que é "fé"?
Esta é uma palavra muito utilizada em nossos dias. Apesar do crescimento do secularismo em diferentes partes do mundo e em determinados ambientes da sociedade (no Brasil, segundo os dados do último censo do IBGE, o grupo dos sem religião tem se expandido de forma acelerada), a fé é um termo que está presente no vocabulário de quase todas as pessoas.
Etmologicamente, "fé" origina-se do latim fides, e tem no termo pistis o seu equivalente grego. Nos dois casos, o sentido refere-se não apenas a uma crença ou convicção, mas também à confiança e à demonstração de lealdade. Da palavra latina fides decorre o termo fidelitas, que se refere à fidelidade, ao compromisso. Nesse sentido, fides e fidelitas são termos latinos com sentidos muito próximos, assim como fé e fidelidade em português, e também, faith e faithful na língua inglesa.
Quanto ao uso do termo, há diferentes aplicações. Por exemplo, ao se dizer que alguém agiu de "boa-fé", quer-se afirmar que o agente atuou com sinceridade, pensando ser lícita e correta a sua conduta (ainda que, objetivamente, sua conduta seja indevida), ou ainda, que agia com lealdade, honestidade e confiabilidade. Se estava de "má-fé", o agente ocultou suas verdadeiras intenções, para prejudicar alguém ou obter benefícios de forma ilícita, desleal.
O termo é também encontrado na expressão "fé pública". Esta se refere à credibilidade que é atribuída a determinado documento por agentes que exercem funções públicas, para que o mesmo seja considerado, ainda que de forma presumida, como verdadeiro, legítimo, autêntico e confiável.
Além disso, por vezes o termo é utilizado de forma isolada: "é preciso ter fé!", "tenha fé que vai dar certo!", "vamos botar fé!". Nesses casos, quer-se transmitir um sentimento de otimismo ("pensar positivo"), para que se tenha esperança ou a expectativa de que determinado objetivo será alcançado.
O termo é ainda amplamente usado no contexto religioso, para se referir tanto a um corpo doutrinário ("a fé cristã") quanto à atitude subjetiva, por meio da qual uma pessoa adere a esse conjunto de doutrinas.
O ensino bíblico sobre a fé
Nas Escrituras Bíblicas, encontra-se uma definição interessante: "Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos" (Hebreus 11.1). Nesse sentido, a fé afasta tanto a dúvida quanto a necessidade de comprovação, tornando certos o futuro e o invisível.
Esse mesmo capítulo da Carta aos Hebreus traz, na sequência daquela definição, uma lista interessante, conhecida como "os heróis da fé" (Hebreus 11.2-40). Trata-se de uma espécie de "hall da fama", que destaca pessoas que marcaram a história em função de posturas e atitudes de fé, pessoas cujas obras foram orientadas pela confiança em Deus.
O texto mencionado tem uma finalidade especial: foi escrito para encorajar os cristãos a permanecerem firmes no seu relacionamento com Deus, apesar de todas as dificuldades e perseguições por eles enfrentadas. Isso pode ser visto a partir do contexto imediatamente anterior e posterior ao capítulo 11.
Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu; pois em breve, muito em breve "Aquele que vem virá, e não demorará. Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele". Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos. [Hebreus 10.36-39]
Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensem bem naquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que vocês não se cansem nem se desanimem. [Hebreus 12.1-3]
Há aqui duas perspectivas, pelo menos. Primeiro, que devemos viver com fé e não desanimar diante das dificuldades que se colocam à nossa frente. Segundo, que devemos manter firme nossa esperança de que as promessas de Deus se cumprirão no devido tempo.
Aqui não se trata de qualquer fé ou de simplesmente "ter fé". O texto nos chama à fé em Deus, à confiança nEle e em suas promessas. E não se trata de "pensar positivo", pois nem sempre o resultado da nossa confiança em Deus é aquilo que desejamos. O pensamento otimista, embora possa produzir emoções positivas na pessoa que o realiza, não é equivalente à fé em Deus. Enquanto a atitude otimista fala de confiança nas capacidades da própria pessoa ou de que algo dará certo por algum motivo misterioso ou por força do "acaso" (por mais estranho que pareça), a fé bíblica se refere à confiança no Deus Todo-Poderoso.
Há, portanto, três elementos que são fundamentais, os quais podem ser expressos em três C's:
Conhecimento: a fé não é apenas uma atitude cega ou um sentimento positivo; ela tem fundamento no ensino das Escrituras, nas promessas e no caráter de Deus.
Convicção: a fé é certeza que não exige comprovação; é confiança no Deus que criou todas as coisas e que é soberano.
Comportamento: a fé produz resultados práticos, pois aquele que tem fé no Senhor deve andar em fidelidade ao Senhor; as ações precisam ser o reflexo das convicções.
Não há fé genuína quando algum desses elementos falta. Inexistindo o comportamento conforme o que se acredita, temos apenas uma teoria (ou uma teologia). Havendo comportamento desprovido de convicção, resta o legalismo, o tradicionalismo e talvez a hipocrisia. E, convicção sem conhecimento é apenas crendice e superstição.
As Escrituras nos convidam a uma vida de fé!
"Sem fé é impossível agradar a Deus,
pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe
e que recompensa aqueles que o buscam".
[Hebreus 11.6]